Assistentes de voz como Alexa, além de recursos de acessibilidade nos smartphones e computadores promovem a inclusão digital entre o público sênior.
É comum pensarmos que, num mundo cada vez mais conectado e dominado pelos virais do TikTok, a tecnologia tenha se tornado um pouco amarga com os idosos. Envelhecer é uma etapa natural da vida, que pode trazer consigo certas limitações e desafios para muitas pessoas. Para grande parte da terceira idade, a tecnologia pode ser intimidante e confusa, especialmente porque não tiveram a oportunidade de crescer com ela.
Além disso, muitos idosos convivem com certas particularidades desta etapa da vida, como dificuldade de visão ou audição, que atrapalham o uso de dispositivos eletrônicos. Esses desafios podem ser especialmente difíceis para os idosos que já estão isolados ou têm mobilidade limitada, tornando a tecnologia uma ferramenta vital para se manterem conectados e engajados.
Eis que um ponto de virada pode ter sido desencadeado durante a pandemia. Com o aumento do uso de smartphones, tablets e computadores no distanciamento social, grande parte da terceira idade foi forçada a se adaptar a novas tecnologias para manter contato com amigos e familiares.
As videochamadas e as redes sociais se tornaram as principais ferramentas para manter as conexões sociais, e muitos idosos descobriram que a tecnologia pode ser uma maneira divertida e útil de passar o tempo. Além disso, com tantos serviços e lojas sendo transferidos para plataformas online, a geração mais sênior também começou a usar a tecnologia para fazer compras e acessar informações. Essa mudança na relação dos idosos com a tecnologia pode ter um impacto duradouro na forma como eles interagem com o mundo digital.
A tecnologia abandonou mesmo os idosos?
Embora muitos idosos permaneçam com o nariz torcido para os avanços digitais, uma boa parte deles decidiu se render às “brincadeiras de netos”. Se antes os smartphones e tablets pareciam aparelhos complexos e distantes da realidade dos mais velhos, hoje em dia é comum encontrarmos senhoras e senhores navegando na internet, trocando mensagens com familiares e até mesmo fazendo compras online.
É bem verdade que a maioria das tecnologias digitais foi desenvolvida com um público mais jovem em mente, e muitas vezes não levou em consideração as necessidades específicas dos idosos. No entanto, sabendo das novas métricas de longevidade e do aumento da expectativa de vida das pessoas, as empresas começaram a desenvolver soluções mais inclusivas, como interfaces mais simples e maiores opções de acessibilidade.
De smartphones grandes a dispositivos de monitoramento de saúde, os avanços tecnológicos têm permitido que a terceira idade se mantenha conectada com o mundo e tenha mais autonomia em suas atividades diárias. Além disso, a tecnologia tem se debruçado a pensar sobre como pode ajudar na prevenção de quedas e outras emergências médicas.
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Idosos e tecnologia: um conflito de gerações
A inclusão digital na terceira idade é um assunto que tem ganhado notoriedade nos últimos anos, especialmente com a pandemia e a promessa da tecnologia de aproximar mais as pessoas.
Nesse mesmo contexto, a diferença de habilidades tecnológicas entre gerações expõe uma grande verdade: os mais jovens, que cresceram em um mundo cada vez mais conectado, muitas vezes têm dificuldade em compreender as limitações dos idosos em relação à tecnologia, enquanto os mais velhos podem se sentir intimidados ou até mesmo amedrontados diante de novas ferramentas e dispositivos.
Um dos principais fatores que dificultam a inclusão digital na terceira idade é a falta de familiaridade com a tecnologia. Muitos idosos não tiveram a oportunidade de aprender a usar computadores, smartphones e outros dispositivos quando eram mais jovens, o que pode tornar a curva de aprendizado mais íngreme. Além disso, as mudanças constantes na tecnologia podem ser confusas e desestimulantes para aqueles que já têm dificuldades de adaptação.
Outro aspecto importante é a falta de paciência e empatia por parte dos mais jovens. Muitas vezes, eles não conseguem entender que o ritmo de aprendizado dos idosos pode ser mais lento. É importante lembrar que a inclusão digital não é uma via de mão única: os idosos também têm muito a ensinar aos mais jovens, especialmente em relação a valores como respeito, paciência e perseverança.
Idosos e tecnologia: pontos de atenção
A inclusão digital ainda precisa comer muito feijão com arroz para se tornar abrangente o suficiente para a terceira idade. Mas alguns movimentos do setor provam que esse caminho pode ser encurtado:
- Acesso à tecnologia: iniciativas governamentais e privadas têm disponibilizado computadores, tablets e smartphones para que os idosos tenham acesso à informação.
- Treinamento e suporte: oferecer treinamentos e suporte para idosos aprenderem a usar a tecnologia é fundamental para que eles se sintam à vontade com as novas ferramentas.
- Tecnologia adaptada: a tecnologia adaptada às necessidades dos idosos, como interfaces simples e fontes maiores, pode ajudar a tornar o uso mais fácil e eficiente.
- Redes sociais: as redes sociais podem ajudar a conectar os idosos com as suas famílias e amigos.
- Saúde e segurança: a tecnologia pode ajudar a monitorar a saúde dos idosos, fornecendo informações importantes para médicos e familiares, além de garantir a segurança em casa com dispositivos de monitoramento e alerta.
Além dos principais pontos de atenção, existem algumas realidades que tornam o dia a dia dos idosos mais fácil. Conheça alguns recursos que já estão presentes nos principais dispositivos digitais e ajudam a promover a acessibilidade na terceira idade:
1. Nos celulares
Hoje em dia, o meio tecnológico mais importante e de maior acesso é o celular. Com ajustes simples em suas configurações, o cotidiano dos idosos se torna mais fácil e inclusivo:
- Aumento do texto: acessando as configurações de acessibilidade dos smartphones, é possível aumentar o texto, tornando-o mais fácil de ler.
- Aplicativos de lembrete de medicamentos: instalar aplicativos dessa categoria criam uma rotina regrada para os idosos, principalmente para aqueles que sofrem mais com problemas de memória.
- Leitor de tela: o leitor de tela do Google, chamadoTalkBack, bem como o assistente do iPhone, lêem em voz alta o que está escrito na tela do celular.
- Aplicativos de monitoramento de saúde: apps que monitoram a atividade física e a saúde no geral, como o Samsung Health, para Android, e Saúde, presente no iPhone, promovem uma rotina de autocuidado para a terceira idade.
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2. Nos computadores
Depois do celular, os computadores, tablets e notebooks são os principais meios de comunicação e pontos de contato tecnológico para os idosos. Veja o que pode ser feito para promover a inclusão digital entre o público sênior nessas plataformas:
- Ajustes de tela: aumentar o brilho e ajustar o tamanho da fonte e a resolução da tela são soluções simples e eficazes.
- Navegador de internet: ensinar o idoso a utilizar o básico de um navegador web, além de configurar uma página inicial marcante, simples e de fácil acesso promove segurança e introduz a terceira idade aos primeiros passos das pesquisas pela internet.
- Leitor de tela: também presente nos smartphones, esse recurso facilita a rotina dos idosos, principalmente daqueles com baixa visão. A Microsoft contempla essa ideia, conheça clicando aqui.
- Reconhecimento de voz: os principais sistemas operacionais, como o Windows e o MacOS, possuem um assistente de voz integrado, que auxilia os idosos a acionar comandos através da fala.
3. Assistentes de voz
Os famosos assistentes de voz com inteligência artificial, como a Alexa, da Amazon e o Google Assistente, são recursos que estão conquistando o coração da terceira idade aos poucos, graças às facilidades que eles trazem consigo:
- Comandos de voz: com um simples comando de voz é possível controlar a iluminação da casa, acionar eletrônicos, ouvir músicas e notícias, definir lembretes, agendar compromissos, enviar mensagens e muito mais.
- Jogos para a melhora da memória: os assistentes oferecem ainda jogos acionados por voz, que podem estimular exercícios neurológicos.
- Companhia: esses dispositivos simulam conversas como se fossem reais, graças à inteligência artificial embutida.
4. Relógios inteligentes e fones de ouvido
Os relógios inteligentes, também conhecidos como Smartwatches ou Smartbands, funcionam também como dispositivos de rastreamento de saúde. Os idosos podem se beneficiar muito com essa tecnologia, pois ela promove o monitoramento das atividades físicas, da frequência cardíaca, da oxigenação no sangue e de outras métricas importantes.
Além disso, outro recurso que pode ajudar a terceira idade são os fones de ouvido com cancelamento de ruído. Eles são projetados para bloquear ou reduzir o som ambiente ao redor do usuário, permitindo que ele se concentre no áudio que está sendo reproduzido pelos fones de ouvido. E isso faz toda a diferença para uma pessoa que tem problemas de audição, pois mantém o foco dela no que está acontecendo naquele momento.