Com o aumento nas negociações de veículos seminovos devido à falta de carros novos no mercado, o que também cresceu foi a ação de fraudadores, que atuam de forma complexa em golpes cada vez mais comuns no dia a dia dos consumidores.
É fato que, desde o início da pandemia, muitos produtos diminuíram ou até mesmo sumiram das lojas devido à crise na confecção de algumas peças provindas do mercado chinês.
O mercado de automóveis foi um dos mais atingidos e, além de ter encolhido drasticamente as suas vendas – graças à falta de chips e semicondutores -, também viu um “boom” crescente na comercialização dos usados, como alternativa à escassez e ao alto custo dos zero quilômetro.
Mas, da mesma forma que surgem novas possibilidades em meio a uma economia que tenta se reerguer lentamente, nascem também novos golpes e fraudes todos os dias. E, pelo bem do seu dinheiro, é melhor conhecê-los para assim poder evitá-los.
O que é o golpe do intermediário?
O nome já diz tudo. Trata-se de uma fraude onde há três pessoas envolvidas: o dono do carro, o interessado no veículo e o fraudador, que age entre as duas vítimas de forma que elas não se conversem e, assim, consiga concretizar o golpe.
O objetivo é clonar anúncios já existentes nas plataformas de negociações online para receber o pagamento do comprador interessado no veículo.
Abaixo, a gente te explica todas as fases com mais detalhes, devido à complexidade na ação do fraudador.
Fase 1: Clonagem do anúncio
Tudo começa com a busca do golpista pelo anúncio do carro que ele pretende fraudar. Normalmente são escolhidos veículos que estejam em boas condições de uso e de anunciantes não profissionais, para facilitar o processo de atuação, sem que a primeira vítima perceba que está sendo enganada.
Assim que define a sua primeira vítima, o fraudador entra em contato com ela para iniciar a negociação, demonstrando interesse no anúncio. Ele costuma fazer diversas perguntas sobre o veículo, com a intenção de reunir o maior número de informações possíveis sobre o objeto da fraude.
Ainda na fase de negociação, o golpista dá a entender que está adquirindo aquele veículo para uma pessoa próxima e que se encarregou de cuidar de todo o processo. Avisa que essa pessoa irá conhecer e testar o automóvel, mas que não é necessário discutirem nada relacionado a valores ou formas de pagamento, visto que é ele quem está fazendo esse intermédio.
Com praticamente um dossiê sobre o carro do vendedor, o golpista cria anúncios daquele mesmo veículo em diversas plataformas de compra e venda, com o diferencial de que o preço de venda é sempre abaixo do pedido pelo mercado. Assim, o anúncio se torna atrativo para a segunda vítima, o comprador.
Fase 2: O encontro entre as duas vítimas
Assim que alguém demonstra interesse no anúncio do falso veículo, o fraudador se encarrega de promover um encontro entre as duas vítimas, para que uma conheça o carro da outra. Mas como ele consegue articular para que elas não percebam que estão sendo enganadas?
Após pedir que a primeira vítima – o vendedor do veículo – não entre em detalhes sobre valores e formas de pagamento, o golpista explica para a segunda vítima – o comprador – que quem irá lhe mostrar o carro será um parente ou amigo. Dessa forma, as duas vítimas se conhecem, sentem que a transação parece estar nos conformes, mas não garantem que o principal aconteça – o diálogo e a verdadeira negociação.
Fase 3: A fraude
O golpe se concretiza quando o comprador transfere o dinheiro para a conta do fraudador, e não para o vendedor. Dessa forma, o comprador sai no prejuízo e percebe a armação quando começa a cobrar a transferência dos documentos do veículo, sem sucesso.
Há outros casos em que o fraudador emite um recibo falso de transferência para o vendedor. Este, achando que o dinheiro caiu na sua conta, repassa o veículo e então descobre que era um golpe. Ou seja: nenhuma das duas vítimas está livre de ficar no prejuízo.
Mas então, como eu faço para me proteger?
Vendo esses casos de fora, fica fácil julgar as vítimas e afirmar que “comigo isso nunca aconteceria”. A questão é que, quando estão envolvidas relações humanas e o desejo de comprar ou vender algo com certa pressa, ninguém está livre de se equivocar e acabar cedendo a um golpe.
Por isso, a Smart Lap deixa algumas dicas para se proteger do golpe do intermediário.
A principal delas é preferir negociar sempre com o comprador ou vendedor. Mesmo que você conheça as pessoas envolvidas, evite intermediários!
Outra dica muito importante, principalmente para o comprador, é desconfiar de ofertas superatrativas, que ofereçam valores muito abaixo do mercado.
Agora, uma para o vendedor: colocou um preço muito vantajoso no seu veículo e o comprador aceitou? Desconfie e prefira negociar direto com ele, mantendo um diálogo regular em todas as ocasiões.
Opte sempre por concretizar a transferência do veículo em cartório. A gente sabe que às vezes a burocracia é grande, mas as chances de golpe nesses casos são bem menores.
Certifique-se de conferir que o dinheiro da transferência está em sua conta antes de transferir o veículo para o comprador. Da mesma forma, para o comprador, assegure-se de somente transferir a quantia no momento da assinatura dos documentos em cartório.
São dicas simples, mas que vão ajudar você a ficar mais atento não apenas em compras de veículos usados, mas em qualquer coisa que você decidir negociar com outra pessoa em sites de compra e venda.